Notícias

Violência contra as mulheres é tema de encontros do CPP em Sergipe e no Espírito Santo

Em duas comunidades, pescadoras e marisqueiras se reuniram para debater o assunto e construir redes protetivas

03-04-2023
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP | Texto: Henrique Cavalheiro

A violência contra a mulher é assunto recorrente, tendo em vista que o Brasil possui números expressivos de casos neste tipo de crime. De acordo com o boletim Elas vivem: dados que não se calam, lançado em 6 de março de 2023, pela Rede de Observatórios da Segurança, foram registrados 2.423 casos de violência contra a mulher em 2022 no país, 495 deles feminicídios, ou seja, mulheres que foram assassinadas.  O estudo analisou os dados de sete estados brasileiros e aponta que, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas no ano passado.

Encerrando o mês de março, dedicado internacionalmente no debate sobre a vida das mulheres, o Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP, participou na comunidade de Muculanduba, em Estância no Sergipe, e na Colônia de Pesca Z_10 em Itaipava Sul no Espírito Santo, de rodas de conversa com mulheres pescadoras artesanais e marisqueiras sobre este tema tão pertinente nos dias atuais.

No dia 30 de março, 16 mulheres do Movimento de Marisqueiras de Sergipe - MMS, dedicaram o dia para debater sobre os tipos de violência contra a mulher e avaliar os passos já trilhados para a construção da Escola de Formação Mariscando Feminismos, ação de promoção da autonomia e afirmação de mulheres pescadoras que integram o MMS, por meio de formação nas áreas de gênero, direito, economia e participação social, tendo por base fundamentos e metodologias do campo feminista. A Escola trabalhará com eixos estratégicos com temas que perpassam a divisão justa do trabalho doméstico, o empoderamento econômico, político e social e o enfrentamento a violência doméstica. 

O evento foi uma ação conjunta entre o CPP, a Coordenadoria Estadual da Mulher, o Programa de Educação Ambiental com Comunidades Costeiras - PEAC e o MMS. “A roda de conversa foi de grande importância, por propiciar através da participação da Coordenadoria, um momento de escuta sobre as várias questões de violências as quais muitas mulheres ainda estão sujeitas, bem como pensar conjuntamente estratégias de fortalecimento da rede de proteção das mulheres”, disse Daniela Bento, membro do CPP-Sergipe.

Já na Colônia de Pesca Z_10 no Espírito Santo, no dia 31 de março, mais de 40 mulheres pescadoras e marisqueiras, participaram do debate “Mulheres em Defesa da Vida”. O encontro contou com a participação de representantes do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper, e da facilitadora Euzabeth Vasconcelos, representante do Fórum de Mulheres Estadual do ES, que trabalhou trouxe as temáticas da violência e do empoderamento feminino.  

“Importante falar sdeste tema nos territórios pois, cada vez mais, os projetos de grandes empresas, como no Sul do Estado do ES, estão se instalando no Porto Central, e com isso, vem os problemas sociais, como a violência contra a mulher. Só no Estado do ES entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023, foram 05 mulheres mortas vítimas de feminicídio, segundo dados da Secretaria de Estado e Segurança Pública e Defesa Social. Por isso, a importância em falar desse tema nas comunidades”, destaca Zena, membro do CPP-ES. 

180 – “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”

Ainda de acordo com o boletim Elas vivem, a maior parte dos registros tem como autor da violência companheiros e ex-companheiros das vítimas. São eles os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

O levantamento Visível e Invisível​: A Vitimização de Mulheres no Brasil, do Fórum de Segurança Pública do Brasil, apontou que há uma verdadeira epidemia de violência contra as mulheres no Brasil. Segundo a pesquisa, em 2022 houve aumento de todos os tipos de violência e mais de um terço das mulheres do país sofreram agressões físicas e/ou sexuais. 

Por isso, se você mulher está sofrendo algum tipo de violência, seja ela, o assédio; a violência doméstica; o estupro; o risco de feminicídio; a violência obstétrica; ou até mesmo a violência em suas atividades de trabalho, seja no rio, no mar ou mangue, saiba que você não está sozinha, procure suas companheiras e a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, serviço oferecido pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério das Mulheres.

O 180 é um canal de denúncia e pedido de ajuda com ligação gratuita e confidencial, que funciona 24 horas por dia.