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A Igreja do Deus que está no meio de nós! – Painel sobre a conjuntura eclesial

Manhã do 3º dia da Assembleia Nacional começa com a reflexão sobre os apelos do Papa Francisco para uma Igreja em saída

08-03-2023
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP | Texto e Fotos: Henrique Cavalheiro

Na manhã desta quarta-feira (8/3), a Assembleia Nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP, iniciou suas atividades fazendo uma homenagem e oração para todas as mulheres, sobretudo, as pescadoras artesanais. Logo após, o Pe. Ermanno Alegri, do Movimento Igreja em Saída, apresentou um painel sobre a conjuntura eclesial e reflexão sobre a atuação da Igreja na construção do Reino. A Assembleia, com o tema: “CPP: 55 anos de Profecia, Resistência e Esperança!”, ocorre em Recife, até sexta-feira (10/3), e reúne membros do CPP de todas as regiões do Brasil.  

O Pe. Ermanno Alegri contextualizou como a Igreja chegou até ao papado de Francisco e como isto impacta as pastorais sociais e as comunidades de base. Uma Igreja que se propõe à saída, que não se fecha em seus comodismos e tradicionalismos, mas encara de maneira sincera e responsável a situação do povo, suas mazelas e dores. Uma Igreja que sofre com os que sofrem.  

“Vejam que coisa interessante, CPP 55 anos, a Igreja em saída para vocês começou lá atrás. Ser pastorais sociais é a Igreja olhando para fora”, disse Alegri. “Quantos de nós pudemos discordar de Bento XVI e João Paulo II, mas como fazem com o Papa Francisco nunca se pensou”.

Impactando mais fora da Igreja, do que entre seus membros, os documentos lançados pelo Papa Francisco constroem um embasamento prático e teórico que reflete temas progressistas sem preocupação com as oposições, segundo Pe. Ermanno, porém o conservadorismo na Igreja não retira estes textos das estantes e muito menos os põe em prática. Acaba que muitos fieis, principalmente nas paróquias. 

“O Papa Francisco não é um teólogo, ele é pastoralista, ele vem da base da Argentina, conhece os problemas do povo”, pontua o padre. “O Papa Francisco fala muito forte sobre a verdadeira conversão, a que se preocupa com seu irmão, onde encontra o Cristo sofredor”, conclui.

Na carta encíclica, Evangelii Gaudium, escrita em 2013, logo no primeiro ano de seu Pontificado, Francisco pontua de forma contundente as reformas que pretende e vê como urgentes na Igreja. “Por isso, a conversão cristã exige rever ‘especialmente tudo o que diz respeito à ordem social e consecução do bem comum’”, diz a carta. “O Concílio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo: Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação. (…) A Igreja peregrina é chamada por Cristo a esta reforma perene. Como instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma’.”, afirma Francisco.  

“Quantas paróquias mudaram suas atividades pastorais, seriamente, após o Concílio Vaticano II? Falo de uma mudança radical e profunda a partir destes documentos?”, questiona Pe. Ermanno Alegri.

A opção preferencial pelos pobres deve ser a base para todas as ações pastorais da Igreja. “Deus não está em cima de nós, mas no meio de nós”, pontua Alegri. “O Papa Francisco será um divisor de águas na Igreja, existirá o antes e o depois de Francisco na Igreja”, e completa, “A preocupação de Francisco é que esse modelo de Igreja em saída continue depois dele”, finaliza Ermanno. 

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