Com participação dos regionais, equipe nacional e convidados, reunião reforça espiritualidade, avaliação, planejamento e compromisso com as comunidades pesqueiras do Brasil
Henrique Cavalheiro - Assessoria de Comunicação do CPP
Entre os dias 1º e 4 de abril, Belém (PA) acolheu a reunião ampliada do Conselho Nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP). O encontro, que ocorreu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) regional Norte 2, contou com a participação de representantes de todos os regionais do CPP, da equipe nacional, de agentes convidados e do presidente da Pastoral, Dom José Altevir, bispo da Prelazia de Tefé (AM).
A programação foi iniciada com um momento simbólico e de grande importância para a instituição: o lançamento da 3ª edição do Relatório de Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos em Comunidades Tradicionais Pesqueiras. A publicação apresenta dados de cerca de 450 comunidades atingidas por conflitos entre 2022 e 2024, fortalecendo a missão de denúncia e resistência assumida pelo CPP ao lado dos povos das águas.
Ao longo dos quatro dias, a reunião proporcionou um espaço de escuta, avaliação e construção coletiva. A equipe nacional apresentou o monitoramento das atividades desenvolvidas no ciclo anterior e conduziu debates sobre temas prioritários para o novo período, como o fortalecimento institucional, estratégias de sustentabilidade, incidência política e eclesial, espiritualidade libertadora e ecologia integral.
COP30, ameaças no legislativo e resistência
Entre os temas discutidos com atenção estiveram a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que será realizada em Belém em novembro de 2025, e sua relação com os territórios pesqueiros. O CPP reafirmou o compromisso de incidir no debate com o olhar voltado para as pautas da pesca artesanal e das comunidades tradicionais pesqueiras com foco em denunciar falsas soluções climáticas que violam direitos e modos de vida.
Também estiveram em pauta projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que representam graves ameaças aos povos das águas, como a PEC 03/2022, que propõe a privatização das praias, colocando em risco o acesso e a permanência das comunidades em seus territórios tradicionais. A reunião também expressou forte preocupação com a proposta de exploração de petróleo na Foz do Amazonas e na Margem Equatorial, bem como com os projetos de instalação de usinas eólicas no mar (offshore), iniciativas que têm avançado sem consulta prévia e sem considerar os impactos socioambientais. O espaço foi dedicado ao aprofundamento desses temas e à construção coletiva de estratégias de denúncia, resistência e incidência.
Espiritualidade, missão e compromisso
A cada manhã, os trabalhos eram iniciados com a celebração da missa, reforçando a dimensão espiritual da missão do CPP. A Campanha da Fraternidade 2025, com o tema Fraternidade e Ecologia Integral, e o Jubileu com o lema Peregrinos da Esperança também foram lembrados como horizontes pastorais para o ano.
Durante a reunião, também foram debatidas questões internas da instituição, buscando fortalecer a articulação entre os regionais, o papel das secretarias temáticas, a comunicação institucional e a gestão de recursos.
Próximos passos
Com base nas partilhas, análises e sugestões apresentadas, a equipe nacional consolidará o plano de ação para os próximos 12 meses. O documento será compartilhado com toda a instituição, para que as prioridades apontadas sejam acompanhadas e fortalecidas coletivamente.
A reunião do Conselho Nacional é sempre um momento de avaliação e reafirmação do compromisso profético do CPP com os direitos dos pescadores e pescadoras artesanais, a defesa da Casa Comum e a construção do Bem Viver.