O Conselho Pastoral dos Pescadores de MG (CPP/MG) realizou nos dias 4 e 5 de maio de 2024, no município Pedras de Maria da Cruz – Minas Gerais, um encontro de formação para lideranças do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais de MG (MPP/MG). Representantes de diversas comunidades, incluindo Canabrava, Balaeiro, Caraíbas, Croatá, Sangradouro, Ilha da Mangueira I, pescadores e pescadoras de Itacarambi, Comunidade Cabaceiras e um representante da Colônia de Pescadores de Manga (z36), totalizando 32 participantes. 

O tema central da formação foi "o cuidado com a Casa Comum, amizade social e direitos das comunidades tradicionais pesqueiras". Sob a dinâmica conduzida pelo verso musical "vamos subir o rio, subir o rio, subir o rio", os líderes presentes construíram uma análise profunda da realidade local. Compartilharam conquistas e desafios vivenciados em suas comunidades tradicionais, reunidos às margens do Rio São Francisco.

A compreensão de que a vida do rio, do povo e dos territórios tradicionais está intrinsecamente interligada foi um ponto central das discussões. Os participantes reconheceram que esses recursos são uma dádiva de Deus e devem ser cuidados e preservados para as gerações futuras. Diante disso, destacaram a necessidade de denunciar as estruturas que ameaçam a vida, encontradas em suas comunidades.

Tudo está interligado

Em seguida, o destaque foi para o tema da Campanha da Fraternidade 2024: "Fraternidade e amizade social", cujo lema é "Vós sois todos irmãos e irmãs!" (Mt 23,8). O objetivo era despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, com a visão de que, em Jesus Cristo, a paz seja uma realidade entre todas as pessoas e povos. 

"O encontro ajudou as lideranças das comunidades pesqueiras e agentes pastorais a perceberem o quanto a identidade tradicional pesqueira e a luta por território corrobora para a vivência humanitária da amizade social por causa do bem comum de todos aqui neste nosso planeta - Casa Comum", destaca Irmã Letícia Aparecida Rocha - sdp, representante do Conselho Pastoral dos Pescadores de MG.

Esse encontro representa um passo significativo na articulação e fortalecimento das comunidades tradicionais pesqueiras em MG, demonstrando o compromisso conjunto em proteger o meio ambiente e garantir os direitos das comunidades pesqueiras.

"E este encontro faz parte da programação anual do CPP/MG e MPP/MG de formação de lideranças e preparação para o Grito da Pesca artesanal que acontece todos os anos", conclui a religiosa, ressaltando a importância contínua dessas reuniões para o fortalecimento e capacitação das lideranças nas questões pertinentes à pesca artesanal e à defesa dos direitos das comunidades pesqueiras. 

Velho Chico

Após o almoço, Ir. Letícia conduziu um detalhamento do Rio São Francisco, proporcionando uma visão abrangente e minuciosa de sua situação atual. As lideranças compartilharam os problemas, as conquistas e as necessidades identificadas. As crianças ficaram responsáveis por desenhar o Rio São Francisco, demonstrando a participação de múltiplas gerações no entendimento e cuidado com o rio.

Os problemas identificados foram diversos e preocupantes. Entre eles, destacam-se o impacto ambiental do rompimento da barragem de Brumadinho, que afetou significativamente as águas do Velho Chico, apesar de controvérsias na mídia e entre ambientalistas; a presença invasiva do Mexilhão Dourado, que prejudica a pesca artesanal ao se acumular no fundo do rio; o desaparecimento de espécies nativas e o surgimento de espécies invasoras, indicando mudanças significativas na dinâmica e na biodiversidade do rio; o assoreamento, o avanço imobiliário desordenado e a poluição por esgoto urbano, que ameaçam a saúde e a qualidade da água. Esses desafios exigem ação urgente e coordenada para proteger esse importante patrimônio natural e assegurar o bem-estar das comunidades que dependem dele.

•    Com informações de Ir. Letícia Aparecida Rocha, sdp - Conselho Pastoral dos Pescadores de MG.