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Agentes do CPP participam de formação em gênero

20-10-2017
Fonte: 

Assessoria de Comunicação do CPP

Agentes do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) de todo o Brasil estiveram reunidos no Recanto do Pescador, em Olinda (PE), desde o dia 16 de outubro, para participar da segundaA teóloga Lilian Conceição discutiu a Teologia feminista etapa do novo ciclo do Curso de Formação de Agentes de Pastoral do CPP, encerrado hoje (20/05). Dessa vez a formação teve como tema gênero e teologia feminista.

Esse processo de formação sistemático do Curso de Formação dos Agentes tem acontecido desde o ano de 2011, com duas etapas por ano. Esse novo ciclo terá a duração de três anos.

O objetivo dessa etapa foi aprofundar o conceito de gênero e teologia feminista, além de refletir sobre as práticas político-pedagógicas do CPP na questão de gênero no trabalho com as pescadoras e no âmbito institucional.

A temática foi escolhida a partir de reflexões surgidas da avaliação externa da prática político-pedagógica do CPP, que fez algumas indicações sobre o trabalho desenvolvido pela pastoral.

Além da reflexão, o objetivo é que ao fim de todos os encontros de formação a prática político pedagógica do CPP seja sistematizada. O encontro teve a assessoria da organização feminista SOS Corpo e da teóloga Lilian Conceição.

 

Gênero, raça e classe

Maria Betânia D'ávila fala sobre a divisão sexual do trabalhoPara a teóloga Lilian Conceição, a teologia feminina é predominantemente comunitária e relacional. “O fazer feminista teológico reconhece a complexidade dos seres”, defende Lilian. Alguns dos principais elementos da teologia feminista, segundo a teóloga colombiana Maricel Lópes, citada por Lilian durante a formação são: a vida cotidiana, o corpo como lugar de revelação, a própria subjetividade, o significado dos ancestrais, a busca por uma vida digna, dentre outros.

Outro conceito apresentado durante o encontro foi o da interseccionalidade das opressões de gênero, raça e classe.  “Não tem como pensar as desigualdades de gênero sem pensar em conjunto as desigualdades de raça e classe. A igualdade nessa sociedade capitalista, racista e patriarcal é apenas um pressuposto. Precisamos mudar as estruturas para que possamos mudar tudo isso”, defendeu a pesquisadora e integrante da SOS Corpo, Maria Betânia D’ávila.

A divisão sexual do trabalho também foi abordada e colocada como uma das quatro fontes de opressão contra as mulheres, em conjunto com o controle do poder, o controle do corpo e a violência e repressão contra as mulheres. Um dos exercícios realizados pelos participantes foi o de pensar a divisão sexual do trabalho dentro do mundo da pesca, já que essa desigualdade hierarquiza e valoriza mais uma função em detrimento de outra. A educadora Silvia Camurça sugeriu que esse mesmo exercício seja realizado nas comunidades pesqueiras.

“A partir do exercício de pensar a divisão sexual do trabalho muitas mulheres começam a se perceber como trabalhadoras também e não apenas ajudantes. Elas passam a se ver como capacidade produtiva”, analisa Camurça.

A próxima etapa do encontro de formação será realizada em maio de 2018.