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Mar de Luta lança manifesto pelos 6 anos do crime do petróleo

Documento denuncia impunidade, vazamentos constantes, ameaça da exploração na Foz do Amazonas e incoerência do Brasil às vésperas da COP30

30-08-2025
Fonte: 

Mar de Luta

Seis anos após o maior desastre ambiental do litoral brasileiro, o derramamento de petróleo de 2019, pescadores e pescadoras artesanais seguem sem reparação socioambiental. A Campanha Mar de Luta lança neste sábado (30) um manifesto que denuncia a impunidade, os vazamentos que continuam ocorrendo no país e o avanço da indústria petrolífera sobre territórios pesqueiros, especialmente na Margem Equatorial e na Foz do Amazonas.

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O documento lembra que o crime de 2019 atingiu mais de três mil quilômetros do litoral brasileiro, alcançando os nove estados do Nordeste e parte do Sudeste, afetando ecossistemas frágeis como manguezais, recifes e estuários, e comprometendo a vida de milhares de famílias. Pescadores e pescadoras artesanais tiveram sua renda fortemente reduzida, sem que até hoje houvesse qualquer medida de reparação.

Segundo dados citados no manifesto, os acidentes seguem em ritmo alarmante: foram 718 incidentes marítimos envolvendo petróleo em 2023, 731 em 2024 e, apenas em 2025, já se somam 442 registros. Além da contaminação ambiental, esses eventos resultaram em feridos e mortes, escancarando a contradição entre a promessa de segurança da indústria e a realidade vivida nas comunidades pesqueiras.

O texto denuncia ainda o racismo ambiental e o apagamento social que atingem principalmente pescadores e pescadoras de origem negra e indígena. “Território é corpo”, afirma o manifesto, lembrando que os impactos do petróleo se refletem não apenas no ambiente, mas na saúde, na cultura e na sobrevivência das populações tradicionais.

A Campanha Mar de Luta também aponta a incoerência do governo brasileiro, que, ao mesmo tempo em que se apresenta como liderança climática global e sediará a COP30 em Belém em 2025, insiste em ampliar a exploração de combustíveis fósseis, especialmente na Foz do Amazonas. Para a campanha, trata-se de uma hipocrisia que contradiz compromissos internacionais e empurra o país para o “suicídio climático”.

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O manifesto conclui com reivindicações concretas: proteção e regularização dos territórios tradicionais pesqueiros, efetivação da Convenção 169 da OIT, transição energética justa e inclusiva, investigação e responsabilização pelo crime de 2019, justiça socioambiental para os atingidos por vazamentos e o fim da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, na Margem Equatorial e em todo o Brasil.

“Não esquecemos, não toleramos, seguimos em luta”, afirma a Campanha.

Linha de ação: