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Encontro de Mulheres do Norte de Minas resgata memórias, afetos e esperanças

Quilombolas, pescadoras, vazanteiras, camponesas e indígenas se reuniram para fortalecer autoestima, ancestralidade e luta por territórios tradicionais

01-09-2025
Fonte: 

Texto: CPP MG e ES - com edição da assessoria de comunicação do CPP | Fotos: Jéssica - CPP MG e ES

Entre os dias 29 e 31 de agosto, cerca de 140 mulheres do Norte de Minas se encontraram no seminário “Trançando vidas e cabelos, resgatando memórias e esperanças nos territórios tradicionais”, que teve como lema “A esperança não engana”, em referência ao Jubileu da Esperança 2025. O encontro reuniu mulheres quilombolas, pescadoras, vazanteiras, camponesas e indígenas do Sertão Norte Mineiro em oficinas que valorizaram saberes ancestrais, memória, beleza preta e autoestima, articulando cura, afeto e fortalecimento na luta pelos territórios tradicionais.

Ao longo das atividades, as participantes refletiram sobre a importância da esperança jubilar como força mobilizadora frente às ansiedades físicas, ambientais, raciais e sociais que enfrentam em seus cotidianos. A valorização da beleza preta e dos saberes ancestrais foi apresentada como ferramenta de transformação social e de superação das dores impostas pelo racismo e pelas desigualdades estruturais.

O encontro também se constituiu como espaço de intercâmbio entre diferentes experiências de luta, mas igualmente de cura, cuidado e partilha de afetos. A emoção tomou conta de muitas participantes, como relata a pescadora Erotides Batista dos Santos, da comunidade Tradicional Pesqueira e Vazanteira de Sangradouro Grande, Família Lídia Batista:

“Oh meu Deus, como é bom a gente estar juntas, que maravilha! O encontro foi muito bom, muito bonito. Eu já estou é com saudades sabe”, disse Erotides.

O trabalho em rede foi lembrado como fundamental para sustentar o protagonismo dessas mulheres. Para Sônia Gomes, ex-presidenta do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), militante da Marcha das Mulheres Negras e palestrante no domingo de manhã no evento, a articulação entre organizações foi decisiva: “Parabéns ao CPP e à CPT por realizar um seminário tão frutífero para essas comunidades. E nos convidou como parceiro. Este trabalho em rede também nos cura, nos alimenta”, relatou Sônia.

Durante entrevista concedida à Inter TV Notícia, a secretária executiva do CPP/MG e ES, irmã Letícia Aparecida Rocha, destacou a importância do fortalecimento das mulheres a partir da sua identidade ancestral e sagrada. “Este encontro acontece ano sim, ano não. Este ano, especificamente junto com a CPT, o Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras pensou a importância de fortalecer as mulheres nesse autorreconhecimento na condição de mulher negra. A gente se torna mulher ao assumir que esta condição de ser mulher é ancestral, é sagrada, e transcende na realidade. Essas mulheres, no dia a dia, são mães de famílias e lideranças que lutam pela organização da comunidade e pelos direitos territoriais”, finalizou Rocha.

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Encontro de Mulheres do Norte de Minas resgata memórias, afetos e esperanças

Linha de ação: